Rio de contas

Por Dante Lucchesi e Jorge Augusto Alves da Silva

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Vista geral da cidade de Rio de Contas, na Chapada Diamantina, Bahia.

No município de Rio de Contas – Bahia (13º 34' 44" de Latitude Sul e 41º 48' 41" de Longitude Oeste), foram recolhidas amostras de fala nas comunidades rurais afro-brasileiras isoladas de Barra e Bananal.

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A ocupação da região de Rio de Contas se inicia na última década do século XVII, através do estabelecimento de uma rota de viagem entre Goiás e o Norte de Minas e a cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia. Com o intuito de se estabelecer um "ponto de pouso", nesta rota de viagem, foi fundado um pequeno povoado com o sugestivo nome de Creoulos, situado em um planalto da serra das Almas, na margem esquerda do Rio de Contas Pequeno, atual Rio Brumado./p>

Não tardou a descoberta de veios e cascalhos auríferos, não apenas no Rio de Contas, como também em seus afluentes e serras circunvizinhas. A fundação de Mato Grosso, três léguas acima do antigo povoado de Creoulos, subindo o Rio Brumado, a 1450 metros de altitude, se deu no bojo do grande afluxo de bandeirantes mineiros e paulistas para a região. Os jesuítas que acompanharam os bandeirantes ergueram no novo povoado uma igreja sob a invocação de Santo Antônio.

O desenvolvimento da mineração e o aumento da população do povoado foram de tal monta que, em 1718, foi criada a primeira freguesia do Alto Sertão Baiano – ou Sertão de Cima –, com denominação de Santo Antônio de Mato Grosso. Entretanto, em 1722, o Conselho Ultramarino decide criar, em função de uma carta dirigida ao Rei D. João V pelo Vice-Rei D. Vasco Fernandes César de Menezes, a Vila de Nossa Senhora do Livramento das Minas de Rio de Contas, doze quilômetros abaixo do antigo povoado de Creoulos, onde os jesuítas haviam erigido outra igreja, esta em devoção a Nossa Senhora do Livramento; e onde atualmente se situa a cidade de Livramento do Brumado. Porém, uma nova reviravolta no povoamento da região aconteceria em 1745, quando uma Provisão Régia autoriza a mudança da sede da vila para o antigo povoado de Creoulos, que passou a se chamar Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento e Minas do Rio das Contas, enquanto que a antiga sede passou a ser conhecida por Vila Velha.

Essa mesma Provisão também elevou a nova vila à categoria de freguesia, transferindo para aí a sede da freguesia de Santo Antônio de Mato Grosso, com a denominação de freguesia do Santíssimo Sacramento das Minas do Rio de Contas. Assim, enquanto Mato Grosso era deslocada para uma posição lateral mais isolada, para Rio de Contas iam afluindo todos os recursos e benefícios da atividade mineradora, o que se refletia no seu crescimento urbano. Lá foram construídos a Casa de Fundição, o Pelourinho e o edifício da Casa da Câmara e Cadeia Pública, este no início do século XIX, e até hoje conservado. Porém o crescimento aos poucos vai se estagnando com o progressivo esgotamento dos veios e cascalhos auríferos. E, à medida em que a atividade de mineração decrescia, diminuía também o nome do Município. Em 1840, foi simplificado para Minas do Rio de Contas; e, em 1931, foram-se as minas, e o Município passou a se chamar, simplesmente, Rio de Contas.

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O prédio da antiga cadeia foi construído entre o final do século XVIII e início do século XIX e hoje é um dos seus principais edifícios históricos.

Barra e Bananal são povoados constituídos por uma população afro-descendente. Bananal foi fundado por negros escravos por volta do século XVII. Segundo Leonardo Sakamoto, a história dos dois vilarejos está ligada ao naufrágio de um navio negreiro vindo da África. Os sobreviventes procuraram um lugar seguro para sobreviver e, seguindo o curso do Rio de Contas, escolheram as cabeceiras do rio Brumado, ficando lá, praticando a agricultura de subsistência e cultivando suas tradições. Bandeirantes, chefiados por Antônio Raposo Tavares, teriam escravizado os quilombolas que foram obrigados a trabalhar na mineração.

Barra fica a uma distância de dois quilômetros de Bananal. Seus habitantes continuam a praticar a agricultura de subsistência e vivem em condições precárias de saneamento e educação. A endogamia é uma prática comum nos dois povoados.

A indústria do turismo instalada em torno da região do município de Rio de Contas veio quebrar o isolamento das duas comunidades. São frequentes as visitas de turistas e estudiosos a fim de conhecerem os moradores dos dois povoados. Como ocorreu na comunidade de Cinzento, algumas das tradições de origem africana foram se perdendo por contato com a cultura branca européia, especialmente, pelos valores do catolicismo que se tornou a religião predominante. Uma publicação oficial do Arquivo Municipal de Rio de Contas refere-se apenas ao catolicismo e a algumas igrejas evangélicas.

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Paisagem da comunidade rural afro-brasileira de Bananal, no Município de Rio de Contas, na Chapada Diamantina – Estado da Bahia.
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Alan Baxter e Dante Lucchesi com um morador da comunidade afro-brasileira de Barra, no Município de Rio de Contas, em 1992

Veja a descrição histórica, sócio-econômica e linguística da comunidade de Helvécia...

Veja a descrição histórica, sócio-cultural da comunidade de Cinzento...

Veja a descrição histórica, sócio-cultural da comunidade de Sapé...

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Expediente O responsável por este sítio é o Coordenador do Projeto Vertentes, Dante Lucchesi, autor da maioria dos textos aqui publicados.

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