O bairro da Liberdade é o bairro popular mais tradicional da cidade. É muito próximo ao centro de Salvador e concentra a maior população afro-descendente do país, com uma forte expressão cultural dessa identidade étnica, como o bloco carnavalesco Ilê Ayê. O bairro de Plataforma faz parte da tradicional zona suburbana da cidade, que concentrava a sua população operária. Hoje a pesca ocupa um papel importante em algumas áreas do bairro que se situam às margens da Baia de Todos os Santos. O bairro de Itapuã é um dos mais antigos da orla marítima de Salvador, tradicionalmente ligado à atividade pesqueira. O bairro de Cajazeiras é um dos mais populosos da cidade, sendo o principal resultado da violenta expansão urbana ocorrida a partir da década de 1970. Portanto, foram escolhidos três bairros tradicionais, representativos de realidades sócio-econômicas e culturais distintas dentro do universo da população de baixa renda da cidade, e um bairro que representa o inchamento das grandes cidades brasileiras ocorrido sobretudo a partir da década de 1970.

Nesse sentido, se insere também o município de Lauro de Freitas, que experimentou um grande crescimento demográfico no bojo da inversão do vetor de expansão da cidade do Salvador, que tradicionalmente se relacionava com o interior da Baía de Todos os Santos e com a região do Recôncavo Baiano. Com a instalação do Pólo Petroquímico da Bahia, na década de 1970, o vetor de crescimento da cidade se deslocou para o seu litoral norte, promovendo o povoamento e desenvolvimento econômico de uma região até então escassamente povoada, não apenas em função da atividade industrial, mas também em função do turismo balneário. Em contrapartida, o interior da Baía e o Recôncavo entraram desde então numa rota clara de decadência e abandono.

Dos estudos preliminares para a definição das localidades onde seriam recolhidas as amostras de fala resultaram breves descrições do panorama histórico, sócio-econômico e cultural de cada um dos bairros e do município de Lauro de Freitas, realizadas pelos auxiliares de pesquisa sob a orientação do coordenador do Projeto. Essas breves descrições contêm também notas sobre o trabalho de campo.